segunda-feira, 24 de agosto de 2009

no encontrar (tudo que precisava)

Por tanta ironia da vida, não era de se estranhar que encontrasse Deus em um banco de praça, de costas para uma grama bonita. Inconsciente e desligado, protagonizou um diálogo perfeito – aquele que sempre sonhou em escrever:
– Vem aqui. Por que isso tudo? C num tem coração não? Por que você nunca faz nada e fecha os olhos pra tudo isso?...
...
– Deus, c é muito burro!
Ô maluco – Deus é sorriso – cheguei, agora, aqui. Porque quis. Considera tudo que você falou a você mesmo. Você estava falando com sua própria consciência. Eu posso não estar, mas tô aqui e não preciso te levar a uma cabana, nem matar sua filha pra que me encontre. Quem fecha os olhos não sou Eu. Ta tudo aqui na sua frente. Dentro de tu mermo.– Como eu vou te encontrar então se meu dilema é por sua causa?
Se poucas palavras pudessem definir como você me encontra...
...
– Sumiu Deus?
Não. Nunca sumira. ‘Sumiço’ dependia Dele não sumir.
– Tudo bem... inexorável
– Deus. Está aqui? Sei que está.
Não sorriu, nem nada. Queria era chorar. Desorientado. Levantou e caminhou.
Mais a frente encontrou um homem que queria lhe vender uma casa – queria se casar.
Na esquina, se encheu de comida, nem boa, mas deliciosa – precisava ter prazer na vida.
Na visita orou por alguém doente – precisava se sentir útil.
Indo embora, abraçou a mãe de alguém – precisava ser abraçado...
... e foi.
Caminhou no encontrar Deus.