quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sem ele

Não aguentava mais. Tirei minhas roupas e fiquei nua em frente o espelho. Não achava feiúra em mim, mas sua partida me fez chegar à conclusão de que não era boa. Procurei por uma imperfeição. Me peguei me olhando como ele me ensinou a me olhar. Ele me fez tantas vezes me sentir amada. Agora fez d’eu um lixo. Acho que sem motivos. Talvez ele fosse sim, tão bom e grande. E talvez o horizonte fosse o seu lugar. Não aguentei mais tentar descobrir um motivo. Aceitei a versão de que um corpo bonito não era o bastante. Era preciso ter a alma leve e o espírito cheio de força. Mas sem ele, minha alma pesou de estar sem amor e meu espírito ficou vazio ocupado apenas pela tristeza. Vesti minhas roupas. E todas as manhãs, fazia isso novamente. Num dia, vazio como todos os outros, sentei na calçada onde passávamos várias horas, juntos, sorrindo, chorando e até mesmo em silêncio. Neste dia descobri que ele realmente era bom e grande. Mas o horizonte não era seu lugar. Ele voltou. Veio pela calçada e me avistou com um sorriso. Ele ficou aqui até hoje. Me faz tão feliz. E uma das lições que aprendi junto dele, foi que perfeição nem sempre é perfeita. Eu sou imperfeita, mas tenho-o ao meu lado.