terça-feira, 2 de junho de 2009

Para Laís

Pensava ela em se tornar melodias
Ao contrário de ser quem não é canção
Ria descontraída em seus dias
A esperar de outrem esta “Lais” invenção

Linda garota em preto e branco
Acabrunhada pela cerâmica fria
Invisível, às vezes, em seu canto
Só recuperando a radiante alegria

Simplicidade contagia.




*Foto: Skye Suicide

Se é aqui, o lugar, o tempo e a possibilidade:

O cabelo da mocinha parecia de plástico
Brilhava, alisado, como os de boneca
Ela, negra, se cuidava como mocinha

Os olhos da outra lacrimejavam a brilhar
Tentava se fazer de forte como se tivesse coração de plástico
De si mesma, às vezes, tinha dó como por ser a outra

O sorriso do jovem rapaz alegrou a quem viu, satisfação
Entregou o último folheto no sinal com suor na testa em brilho
Com as mãos no bolso da jaqueta saiu a gingar como jovem

Os olhos, seu nariz e o queixo dele são simétricos
Que trocador bonito. Podia ser modelo e arrasar nas passarelas
Prefere não se expor assim, só malhar os corações das donzelas

Se se encontrassem, não apenas nos olhos e no texto de quem escreve a vida deles nem talvez seria assim. Mas se é aqui, o lugar, o tempo e a possibilidade:

O trocador não chamou a atenção da mocinha, mas se nas intenções foi tomado pela cobiça, fez de sua maria, a outra amargurada.A outra apaixonada chora em bancos de praça, pensa em ser quem é, espera o dia de sua certeza e pensa no sorriso que viu. De supetão, queria ser dona daqueles dentes. Mas dona deles é uma mocinha de cabelo de plástico, noiva do rapaz que também lhe tem amor. A mocinha olhou o trocador, mas o coração só bate mesmo é por quem a gente tem amor.