sábado, 1 de maio de 2010

Como barata

Cheguei de frente ao portão. Senti um perfume diferente. Se misturava ao doce cheiro da Dama da Noite, vindo do quintal vizinho. Pé carregado de carambolas. Entrei silencioso como pisaduras de gato, ou rastros de rato traiçoeiro. Saí no cano da pia da área de serviço. Esquisito que me lembrei da misteriosa princesa Ana, que guarda seu jardim a sete chaves no seu umbigo, detrás do muro. Me lembrei da sã e pura criatura que espia as flores dela, as criando em pensamento. Divaguei, apenas com a cabeça do lado de fora. Ah se alguém desse descarga. Saí do ralo, já seco e só molhado de suor. Virei a tramela da porta, cheguei na copa, engoli seco, peguei ela lá: abusando de um homem barbudo. Ele jazia de quatro com o nariz tapado, fungando como touro, mas dominado pelo ferro no nariz. Meti o pé nitudo quanto fosse traseiros que estava ao meu alcance. Acabei com a bagunça. Onde se viu, fazer eu mesmo dono de minha casa entrar nela pelo cano? Como barata!